O Parque Nacional (Parna) da Serra da Capivara, com área de 129 mil hectares, está situado no sudeste do estado do Piauí. Localizado no semi-árido nordestino, fronteira entre duas formações geológicas, com serras, vales e planície, o parque abriga fauna e flora específicas da Caatinga. Dentre as espécies encontradas na unidade - criada em junho de 1979 - podemos citar a onça pintada, onça parda, tatu-bola, tamanduá bandeira.
No Parque encontra-se a maior concentração de sítios arqueológicos atualmente conhecida nas Américas, com mais de mil sítios arqueológicos pré-históricos cadastrados, muitos deles com pinturas rupestres. Nos abrigos, além das manifestações gráficas, encontram-se vários vestígios da presença do homem pré-histórico, com datações de até 60.000 anos. A região abriga 173 sítios arqueológicos abertos à visitação.
A visita completa aos circuitos abertos pode ser feita em seis dias, incluindo-se o Sítio do Boqueirão da Pedra Furada, onde foram feitas as primeiras escavações e as datações que atestam a presença do homem pré-histórico no continente americano desde 48.000 anos. O sítio pode ser visitado também à noite. Iluminada, a paisagem fica ainda mais grandiosa. O percurso inclui a formação geológica da Pedra Furada, símbolo do local; o Sítio do Meio; o baixão da Pedra Furada, onde se adentra ao cânion formado por formações areníticas.
Os outros circuitos turísticos são integrados pelo Desfiladeiro da Capivara, Baixão da Vaca e Toca do Paraguaio, Circuito do Veredão, Circuito da Chapada, Circuito da Jurubeba, Baixão do Perna, Andorinhas e Circuito da Serra Branca. Todos os circuitos estão repletos de sítios arqueológicos estruturados com escadas, passarelas e acesso para pessoas com necessidades especiais. A presença do condutor é obrigatória para todos os programas.
O Baixão das Andorinhas é um grande desfiladeiro de onde se pode assistir, ao final da tarde, ao espetáculo da volta das andorinhas para o fundo do Boqueirão. Na zona de amortecimento do Parque esta instalada a Cerâmica Serra da Capivara, onde resgatando as tradições dos povos ceramistas são produzidas pela comunidade local peças com as pinturas rupestres encontradas nos sítios arqueológicos.
Na cidade de São Raimundo Nonato a visita ao Museu do Homem Americano é obrigatória, pois lá estão expostas peças cerâmicas, urnas funerárias e material lítico resultantes das escavações feitas no Parque. Criado em 1986 para auxiliar os trabalhos arqueológicos realizados no Parque, atua como importante centro de pesquisas. O Museu apresenta as origens e a evolução do homem, além de fazer uma reconstituição dos 50 mil anos da presença humana na região.
Pelo seu valor histórico e cultural, o Parque Nacional da Serra da Capivara foi declarado pela Organização das Nações Unidas pela Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em 1991, Patrimônio Cultural da Humanidade.
A Portaria MMA nº 76, de 11 de março de 2005, criou um Mosaico de Unidades de Conservação abrangendo os Parques Nacionais Serra da Capivara e Serra das Confusões e o Corredor Ecológico conectando os dois parques. A área total do Corredor Ecológico é de 414 mil hectares, abrangendo os municípios de São Raimundo Nonato, Canto do Buriti, Tamboril do Piauí, Brejo do Piauí, São Braz, Anísio de Abreu, Jurema, Caracol e Guaribas.
A maneira mais rápida de chegar ao Parque é através de Petrolina, cidade do Estado de Pernambuco, da qual dista 300 Km. A cidade de Petrolina dispõe de um aeroporto onde opera atualmente a Gol, e a BRA, ligando a região com Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
A criação do Parque Nacional Serra Capivara teve múltiplas motivações ligadas à preservação de um meio ambiente específico e de um dos mais importantes patrimônios culturais pré-históricos. As características que mais pesaram na decisão da criação do Parque Nacional são de natureza diversa:
- culturais - na unidade acha-se uma densa concentração de sítios arqueológicos, a maioria com pinturas e gravuras rupestres, nos quais se encontram vestígios extremamente antigos da presença do homem (100.000 anos antes do presente). Atualmente estão cadastrados 912 sítios, entre os quais, 657 apresentam pinturas rupestres, sendo os outros sítios ao ar livre (acampamentos ou aldeias) de caçadores-coletores, são aldeias de ceramistas-agricultores, são ocupações em grutas ou abrigos, sítios funerários e, sítios arqueo-paleontológicos;
- ambientais - área semi-árida, fronteiriça entre duas grandes formações geológicas - a bacia sedimentar Maranhão-Piauí e a depressão periférica do rio São Francisco - com paisagens variadas nas serras, vales e planície, com vegetação de caatinga ( o Parque Nacional Serra da Capivara é o único Parque Nacional situado no domínio morfoclimático das caatingas), a unidade abriga fauna e flora específicas e pouco estudadas. Trata-se, pois, de uma das últimas áreas do semi-árido possuidoras de importante diversidade biológica;
- turísticas - com paisagens de uma beleza natural surpreendente, com pontos de observação privilegiados. Esta área possui importante potencial para o desenvolvimento de um turismo cultural e ecológico, constituindo uma alternativa de desenvolvimento para a região.
Em 1991 a UNESCO, pelo seu valor cultural, inscreveu o Parque Nacional na lista do Patrimônio Cultural da Humanidade. Em 2002 foi oficializado o pedido para que o mesmo seja declarado Patrimônio Natural da Humanidade.
O Parque Nacional Serra da Capivara é subordinado à Diretoria de Ecossistemas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), tendo sido concluída a sua demarcação em 1990. Em torno do Parque foi criada uma Área de Preservação Permanente de dez quilômetros que constitui um cinto de proteção suplementar e na qual seria necessário desenvolver uma ação de extensão. Em 1994 a FUMDHAM assinou um convênio de co-gestão com o IBAMA em 2002 um contrato de parceria com a mesma instituição.
Depois de criado, o Parque Nacional esteve abandonado durante dez anos por falta de recursos federais. Análises comparativas das fotos de satélite evidenciaram esse fato. Durante este período a Unidade de Conservação foi considerada “terra de ninguém” e como tal, objeto de depredações sistemáticas. A destruição da flora tomou dimensões incalculáveis; caminhões vindos do sul do país desmatavam e levavam, de maneira descontrolada, as espécies nobres. O desmatamento dessas espécies, próprias da caatinga, aumentou depois da criação do Parque, em decorrência da falta de vigilância.
A caça comercial se transformou numa prática popular com conseqüências nefastas para as populações animais que começaram a diminuir de forma alarmante. Algumas espécies, como os veados, emas e tamanduás praticamente desapareceram. Estes fatos tiveram conseqüências negativas na preservação do patrimônio cultural. A falta de predadores naturais provocou um crescimento descontrolado de algumas espécies, como cupim ou vespas cujos ninhos e galerias destroem as pinturas.
As causas desta situação são em parte externas à região, mas também decorrem da participação da população que vive em torno do Parque. São comunidades muito pobres, algumas das quais exploravam roças no interior dos limites atuais do Parque. Estas populações dificilmente compreendem a necessidade de proteger espécies animais e vegetais uma vez que os seres humanos apenas logram sobreviver. Assim, a população local depredava as comunidades biológicas e o patrimônio cultural do Parque Nacional e áreas circunvizinhas, pela caça, desmatamento, destruição de colméias silvestres e a exploração do calcário de afloramentos, ricos em sítios arqueológicos e paleontológicos.
Fontes:
http://www.icmbio.gov.br/portal/o-que-fazemos/visitacao/ucs-abertas-a-visitacao/199-parque-nacional-da-serra-da-capivara.html
http://www.fumdham.org.br/parque.asp
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