quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Conflito na Síria e Assembleia da ONU

Conflito na Síria e espionagem devem dominar assembleia da ONU


Resolução a ser discutida pelo Conselho de Segurança prevê a neutralização do arsenal químico sírio até junho de 2014

Fonte TribunaHoje

A guerra civil na Síria deve dominar a reunião anual da Assembleia-Geral da ONU, que terá início nesta terça-feira (24) em Nova York. A indignação internacional pelos programas de espionagem dos EUA também deve estar em pauta.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que o principal item da pauta da Assembleia será a guerra civil da Síria, que começou há dois anos e meio e, segundo a ONU, já matou mais de 100 mil pessoas e deixou milhões de refugiados.
Não há expectativa de nenhuma solução para a crise nesta semana, mas é possível que o Conselho de Segurança aprove um acordo definido preliminarmente por Rússia e EUA, prevendo a eliminação do arsenal químico sírio.
"A Síria é o maior desafio à paz, à segurança e humanitário que enfrentamos", disse Ban a jornalistas na semana passada. "Sejamos claros -- o uso de armas químicas na Síria é apenas a ponta do iceberg. O sofrimento na Síria tem de acabar."
A resolução a ser discutida pelo Conselho de Segurança prevê a neutralização do arsenal químico sírio até junho de 2014, para evitar bombardeios aéreos norte-americanos ao país.
Esse plano foi definido enquanto inspetores da ONU confirmavam que o gás sarin foi usado em um ataque de 21 de agosto nos arredores de Damasco, que matou mais de 1.400 pessoas, inclusive centenas de crianças, segundo estimativas dos EUA.
A Rússia, que é aliada do governo sírio, e os EUA, que apoiam os rebeldes na guerra civil, continuam discordando fortemente sobre como terminar o conflito. Moscou, que já usou repetidas vezes seu poder de veto para impedir punições do Conselho de Segurança a Damasco, ameaça barrar novamente uma resolução que inclua qualquer ameaça ao regime de Bashar al-Assad.

Dilma deve criticar espionagem

Conforme a tradição, o Brasil abre a reunião anual da Assembleia-Geral da ONU. O discurso da presidente Dilma Rousseff, na terça-feira, ocorrerá cerca de uma semana depois de ela cancelar uma visita de Estado que faria no mês que vem a Washington, por causa das revelações de que Washington espionava as comunicações dela, da Petrobras e de brasileiros.
Dilma já avisou que irá usar o plenário para fazer críticas às ações de espionagem dos Estados Unidos, reveladas pelo ex-funcionário da Agência Nacional de Segurança (NSA) Edward Snowden.
"Não acho que (Dilma) Rousseff irá pegar leve ao abrir a Assembleia-Geral", disse à Reuters um diplomata europeu na ONU. "E ela não está sozinha em sua irritação sobre o programa de espionagem norte-americano."
Não está claro se Obama, segundo orador agendado, irá responder a eventuais críticas de Dilma.

Sudão

Outra possível polêmica do evento --que acontecerá em um anexo da ONU, e não no prédio principal, que está em reformas-- será a possível presença do presidente sudanês, Omar Hassan al-Bashir, procurado pelo Tribunal Penal Internacional por suspeita de genocídio e crimes contra a humanidade durante o conflito na região de Darfur.
Bashir disse no domingo que pretende ir ao evento e que já reservou hotel em Nova York. Seu discurso deve acontecer na quinta-feira à tarde.
Os EUA não participam do Tribunal Penal Internacional, por isso não têm dever legal de prender Bashir quando ele estiver em seu território. Além disso, os EUA têm desde 1947 um acordo com a ONU para que os líderes de todos os Estados filiados à entidade possam participar de eventos da ONU, independentemente de qualquer animosidade com Washington.

EUA e Irã

Há também a expectativa de boas notícias. Muitos dos 193 países da ONU estão à procura de sinais de degelo nas relações entre Irã e EUA, arqui-inimigos há mais de 30 anos.
Autoridades norte-americanas dizem que é possível um encontro do presidente Barack Obama com seu recém-empossado homólogo iraniano, o centrista Hassan Rouhani.
Chefes de governo dos dois países não mantêm contatos diretos desde antes da Revolução Islâmica iraniana de 1979, e as relações haviam piorado ainda mais nos últimos anos, durante a presidência do radical Mahmoud Ahmadinejad.

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