Miriam Hermi Zaar
Departamento de Geografia. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)miriamzaar@yahoo.es
Departamento de Geografia. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)miriamzaar@yahoo.es
Solange Maria CarnielCoordenadora Pedagógica de História e Geografia, Secretaria Municipal de Educacão Cultura e Esportes de Santa Helena, Estado do Paraná
soli_nha@hotmail.com
soli_nha@hotmail.com
Sabe-se que o acesso à educação formal é, ao mesmo tempo, um resultado e uma das principais causas das grandes desigualdades socioeconômicas existente no mundo que se manifestam, entre outros aspectos, na produção desigual das condições de exercício de direitos. A educação é o principal alicerce de um país. A ela também estão diretamente vinculadas a tecnologia e a economia de um país, já que o seu nível de desenvolvimento e o seu âmbito de alcance definem a formação educacional e profissional dos trabalhadores e, como consequência, as possibilidades que esse país tem para resolver os seus problemas, sejam eles sociais, alimentícios, sanitários ou econômicos.
No grande leque de possibilidades que existe na educação, queremos colocar ênfase no que pensamos ser imprescindível à sobrevivência de qualquer cidadão: o ensino fundamental, etapa de formação escolar que, no Brasil, corresponde à escolarização obrigatória. Com caráter básico e, em se tratando de países menos desenvolvidos, a única possibilidade de adquirir uma educação geral básica, o seu papel é fundamental na formação de atitudes e na criação de um senso crítico que orientará o modo de atuar dos cidadãos de uma nação.
Esse é um dos motivos pelos quais professores e demais profissionais ligados à educação em todo o mundo reivindicam uma melhor atenção aos problemas da etapa formativa correspondente ao ensino fundamental: alunos desinteressados, conteúdos desinteressantes, falta de uma metodologia que os motive a aprender, e critérios de avaliação que nem sempre são os mais eficazes. Aspectos que levam à repetência, à desistência, mas igualmente à perda da possibilidade de formar cidadãos críticos com a realidade, e dispostos a lutar e atuar pela melhora das condições de vida nas sociedades e comunidades em que vivem.
Partindo deste princípio, o nosso objetivo é apresentar, analisar e refletir sobre os resultados de um projeto que está cumprindo quinze anos de existência: a elaboração de mapas, maquetes e livro didático para alunos de 2º ciclo do ensino fundamental[1], desenvolvido no Município de Santa Helena, Oeste do Estado do Paraná, Brasil e que, esperamos, possa servir de orientação para que outros municípios desenvolvam projetos relacionados com a aprendizagem da Geografia no ensino fundamental.
Como coordenadoras do processo, nos propomos, em este artigo, apresentar a metodologia empregada para a sua realização e, igualmente, os resultados obtidos durante todo o processo no qual participaram professores e alunos da rede municipal de ensino[2].
O tema será desenvolvido em três diferentes capítulos. Num primeiro momento, abordamos os motivos que nos levaram a criar e desenvolver o projeto. Um deles, a dificuldade em encontrar material didático que possibilitasse trabalhar os aspectos geográficos do município. Outro, a necessidade de estabelecer conteúdos e metodologias que viessem ao encontro dos objetivos propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais(PCNs) e pelas Propostas de Geografia do Currículo Básico para a Escola Pública Municipal da Região Oeste do Paraná.
No segundo capítulo, inicialmente comentamos aspectos fundamentais do projeto, como foi o interesse das escolas, de seus professores e supervisores e da equipe de ensino que apoiaram e participaram ativamente do processo de elaboração do material didático em todas as etapas. A seguir e como cerne deste trabalho, explicamos a metodologia utilizada para elaborar esse material didático e o resultado obtido, assim como as diferentes formas de trabalhar com os conteúdos do 4º ano do ensino fundamental a partir dos mapas temáticos, maquetes e exercícios elaborados para esse fim.
Finalmente, em um terceiro capítulo, apresentamos os resultados finais, a partir dos quais é avaliado até que ponto o material produzido e utilizado nas escolas municipais contribuiu para melhorar a metodologia, o conteúdo e a avaliação da disciplina de Geografia nesse ano. Também é avaliado até que ponto este material foi importante na formação do senso crítico desses alunos com respeito à realidade e à comunidade onde vivem, e como isso pode ajudar na formação do seu caráter e na sua forma de intervir e resolver problemas que envolvam diferentes escalas espaciais. Para isso entrevistamos professores e alunos que utilizaram e utilizam esse material didático.
Os PCNs e a Proposta de Geografia do Currículo Básico para a Escola Pública Municipal da Região Oeste do Paraná: Uma tentativa de unificar a forma de ensinar e aprender Geografia?
Tanto as pesquisas geográficas como o ensino da Geografia passaram por grandes modificações nas últimas décadas. Da Geografia Tradicional, baseada no positivismo clássico e caracterizada por paisagens naturais e humanas quase sempre dissociadas, à Geografia Crítica inspirada nas ideias de Karl Marx, Elisée Reclus, Piotr Kropotkin, Henri Lefebvre e seus seguidores, e à revolução técnica que representaram os Sistemas de Informação Geográfica (SIG/GIS), não transcorreram muitas décadas, mas estas diversas perspectivas representam formas muito diferentes de entender e de pesquisar a Geografia. Tanto teoricamente, como metodologicamente, refletiram diferentes concepções de compreender as relações sociais e a natureza e por isso repercutiram na forma de ensinar Geografia no ensino fundamental, médio e universitário.
No Brasil, os professores do ensino fundamental, influenciados por uma ou outra corrente geográfica e apoiados por propostas curriculares elaboradas nas esferas estaduais e federais, trabalharam quase sempre com conteúdos e metodologia diferentes. Alguns se sentiam mais seguros trabalhando com metodologias que haviam aprendido quando eram alunos de ensino médio ou universitário e que estavam ligadas à Geografia Tradicional, onde a descrição e a memorização eram a base da aprendizagem. Outros, a partir da expressão utilizada por Yves Lacoste "o mundo é ininteligível para quem não tem um mínimo de conhecimentos geográficos"[3], passaram a discutir a função estratégica, isto é, política e militar da geografia e se atreveram a adotar as novas perspectivas das ideias revolucionárias da Geografia Crítica, promovendo o debate de conceitos relacionados com a realidade social e antes desconhecidos. Como consequência, a partir do início da década de 1980, o ensino da Geografia se caracterizou por uma dualidade epistemológica, teórica e de conteúdos. Segundo uma pesquisa realizada pela Fundação Carlos Chagas, os principais problemas que apresentava o ensino da Geografia eram:
"• abandono de conteúdos fundamentais da Geografia, tais como as categorias de nação, território, lugar, paisagem e até mesmo de espaço geográfico, bem como do estudo dos elementos físicos e biológicos que se encontram aí presentes;
• são comuns modismos que buscam sensibilizar os alunos para temáticas mais atuais, sem uma preocupação real de promover uma compreensão dos múltiplos fatores que delas são causas ou decorrências, o que provoca um “envelhecimento” rápido dos conteúdos. Um exemplo é a adaptação forçada das questões ambientais em currículos e livros didáticos que ainda preservam um discurso da Geografia Tradicional e não têm como objetivo uma compreensão processual e crítica dessas questões, vindo a se transformar na aprendizagem de slogans;
• há uma preocupação maior com conteúdos conceituais do que com conteúdos procedimentais. O objetivo do ensino fica restrito, assim, à aprendizagem de fenômenos e conceitos, desconsiderando a aprendizagem de procedimentos fundamentais para a compreensão dos métodos e explicações com os quais a própria Geografia trabalha;
• as propostas pedagógicas separam a Geografia humana da Geografia física em relação àquilo que deve ser apreendido como conteúdo específico: ou a abordagem é essencialmente social e a natureza é um apêndice, um recurso natural, ou então se trabalha a gênese dos fenômenos naturais de forma pura, analisando suas leis, em detrimento da possibilidade exclusiva da Geografia de interpretar os fenômenos numa abordagem socioambiental;
• a memorização tem sido o exercício fundamental praticado no ensino de Geografia, mesmo nas abordagens mais avançadas. Apesar da proposta de problematização, de estudo do meio e da forte ênfase que se dá ao papel dos sujeitos sociais na construção do território e do espaço, o que se avalia ao final de cada estudo é se o aluno memorizou ou não os fenômenos e conceitos trabalhados e não aquilo que pôde identificar e compreender das múltiplas relações aí existentes;
• a noção de escala espaço-temporal muitas vezes não é clara, ou seja, não se explicita como os temas de âmbito local estão presentes naqueles de âmbito universal e vice-versa, e como o espaço geográfico materializa diferentes tempos (da sociedade e da natureza)"[4].
A isto podemos acrescentar a incoerência no modo de ensinar as dinâmicas sociais a partir de conteúdos pretensamente neutros que acabam mascarando a realidade. Isso ocorre porque os professores não relacionam o conteúdo da disciplina com a vida; é como se os alunos não estivessem vivendo situações que os conteúdos pudessem explicar ou então como se os temas abordados não tivessem relação com a realidade vivida pelo educando.
Uma realidade muito diferente da que seria a ideal, na qual o aluno deve aprender a pensar o espaço inserido no mesmo, isto é, "proporcionando a compreensão de que ele é um participante ativo na produção do espaço geográfico. A realidade tem que ser entendida como algo em processo, em constante movimento, pois a produção do espaço nunca está pronta, encerrada: há uma dinamicidade constante." [5]
Abordaremos a seguir como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e o Currículo Básico para Escola Pública Municipal - Educação Infantil e Ensino Fundamental, anos iniciais, tem estimulado novas metodologias no ensino da Geografia, e como as mesmas preparam os educandos para que façam uma análise crítica de uma realidade que está em constante transformação.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e a disciplina de Geografia: novos desafios?
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) foram elaborados sob a responsabilidade da Secretaria de Educação Fundamental e do Ministério de Educação do Brasil em 1997, com o objetivo de amenizar os problemas detectados pela Fundação Carlos Chagas, durante o seu estudo, e também para dar uma maior uniformidade à metodologia, aos conteúdos e à avaliação das disciplinas ministradas no ensino fundamental.
Com relação à disciplina de Geografia, tema de nosso estudo, a justificativa dos PCNs se baseia em que:
"O ensino de Geografia pode levar os alunos a compreenderem de forma mais ampla a realidade, possibilitando que nela interfiram de maneira mais consciente e propositiva. Para tanto, porém, é preciso que eles adquiram conhecimentos, dominem categorias, conceitos e procedimentos básicos com os quais esse campo do conhecimento opera e constitui suas teorias e explicações, de modo a poder não apenas compreender as relações socioculturais e o funcionamento da natureza às quais historicamente pertence, mas também conhecer e saber utilizar uma forma singular de pensar sobre a realidade: o conhecimento geográfico"[6].
Para tanto, além de tratar a Geografia como área, os PCNs oferecem instrumentos essenciais para a compreensão e intervenção na realidade social, como podemos observar a seguir:
"Por meio dela podemos compreender como diferentes sociedades interagem com a natureza na construção de seu espaço, as singularidades do lugar em que vivemos, o que o diferencia e o aproxima de outros lugares e, assim, adquirirmos uma consciência maior dos vínculos afetivos e de identidade que estabelecemos com ele. Também podemos conhecer as múltiplas relações de um lugar com outros lugares, distantes no tempo e no espaço, e perceber as marcas do passado no presente."[7]
Para alcançar esses objetivos, os Parâmetros Curriculares de Geografia se dividem em três partes. Uma primeira parte trata das questões metodológicas, nas quais destacam-se os conceitos, os procedimentos e atitudes que devem ser levados em consideração para que os educandos compreendam a realidade geográfica. Na segunda seção se encontram os objetivos a serem alcançados, informações de como se pode trabalhar com os conteúdos geográficos e critérios para avaliação. E, para finalizar, os Parâmetros Curriculares trazem uma série de orientações didáticas no que diz respeito à organização do trabalho escolar e aos princípios e procedimentos que o professor deve empregar no planejamento das aulas e demais atividades relacionadas com a disciplina de Geografia[8].
Neste sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), ao caracterizarem a área de Geografia no ensino fundamental, dão ênfase à sua importância social e natural, afirmando que a "Geografia tem que trabalhar com diferentes noções espaciais e temporais, bem como com os fenômenos sociais, culturais e naturais que são característicos de cada paisagem, para permitir uma compreensão processual e dinâmica de sua constituição."[9]
Com o objetivo de estimular novas propostas metodológicas, destacam a importância de observar quais são as categorias mais adequadas para os alunos em relação à sua faixa etária e às capacidades que se espera que eles desenvolvam. Com essa finalidade, levantam algumas questões básicas relacionadas com o ensino nos primeiros ciclos (até 10 anos de idade). Destacamos as que cremos serem as mais importantes:
a) Propõem que as noções de paisagem, território e lugar devem ser abordadas desde os ciclos iniciais, "quando se mostram mais acessíveis aos alunos, tendo em vista suas características cognitivas e afetivas."[10]
b) Defendem que o ensino de Geografia desde as primeiras etapas de escolarização: "pode e deve ter como objetivo mostrar ao aluno que cidadania é também o sentimento de pertencer a uma realidade na qual as relações entre a sociedade e a natureza formam um todo integrado — constantemente em transformação — do qual ele faz parte e, portanto, precisa conhecer e sentir-se como membro participante, afetivamente ligado, responsável e comprometido historicamente."[11]
c) Entendem que, contrariamente às práticas metodológicas utilizadas durante décadas, que se baseavam na exposição e avaliação de conteúdos através da memorização, o educador deve desenvolver atividades que envolvam a problematização, a observação, o registro e a pesquisa dos fenômenos sociais, culturais ou naturais, buscando hipóteses e explicações para a sua interação. Tudo com o objetivo de construir noções, discutir propostas e soluções[12].
d) Consideram que "a paisagem local, o espaço vivido pelos alunos deve ser o objeto de estudo ao longo dos dois primeiros ciclos". Entretanto alertam para o fato de que "não se deve trabalhar do nível local ao mundial hierarquicamente: o espaço vivido pode não ser o real imediato, pois são muitos e variados os lugares com os quais os alunos têm contato e, sobretudo, que são capazes de pensar sobre. A compreensão de como a realidade local relaciona-se com o contexto global é um trabalho que deve ser desenvolvido durante toda a escolaridade, de modo cada vez mais abrangente, desde os ciclos iniciais."[13]
e) Metodológicamente defendem a ideia que "estudar a paisagem local ao longo dos primeiro e segundo ciclos é aprender a observar e a reconhecer os fenômenos que a definem e suas características; descrever, representar, comparar e construir explicações, mesmo que aproximadas e subjetivas, das relações que aí se encontram impressas e expressas."[14]
f) Apoiam o trabalho interdisciplinar quando comentam que a Geografia, ao pretender o estudo dos lugares, suas paisagens e território, tem buscado um trabalho interdisciplinar, lançando mão de outras fontes de informação. Mesmo na escola, a relação da Geografia com a Literatura, por exemplo, tem sido redescoberta, proporcionando um trabalho que provoca interesse e curiosidade sobre a leitura do espaço e da paisagem. É possível aprender Geografia desde os primeiros ciclos do ensino fundamental pela leitura de autores brasileiros consagrados — Jorge Amado, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, entre outros — cujas obras retratam diferentes paisagens do Brasil, em seus aspectos sociais, culturais e naturais. Também as produções musicais, a fotografia e até mesmo o cinema são fontes que podem ser utilizadas por professores e alunos para obter informações, comparar, perguntar e inspirar-se para interpretar as paisagens e construir conhecimentos sobre o espaço geográfico[15].
g) Entendem que através da linguagem cartográfica é possível sintetizar informações, expressar conhecimentos, estudar situações, entre outras coisas — sempre envolvendo a ideia da produção do espaço: sua organização e distribuição. Nesse sentido, para os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs):
"As formas mais usuais de se trabalhar com a linguagem cartográfica na escola é por meio de situações nas quais os alunos têm de colorir mapas, copiá-los, escrever os nomes de rios ou cidades, memorizar as informações neles representadas. Mas esse tratamento não garante que eles construam os conhecimentos necessários, tanto para ler mapas como para representar o espaço geográfico.
Para isso, é preciso partir da idéia de que a linguagem cartográfica é um sistema de símbolos que envolve proporcionalidade, uso de signos ordenados e técnicas de projeção. Também é uma forma de atender a diversas necessidades, das mais cotidianas (chegar a um lugar que não se conhece, entender o trajeto dos mananciais, por exemplo) às mais específicas (como delimitar áreas de plantio, compreender zonas de influência do clima). A escola deve criar oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre essa linguagem nos dois sentidos: como pessoas que representam e codificam o espaço e como leitores das informações expressas por ela." [16]
Para justificar a seleção de conteúdos de Geografia que, segundo os PCNs, "deve contemplar temáticas de relevância social, cuja compreensão, por parte dos alunos, se mostra essencial para sua formação como cidadão", os mesmos Parâmetros afirmam que "Adquirir conhecimentos básicos de Geografia é algo importante para a vida em sociedade, em particular para o desempenho das funções de cidadania: cada cidadão, ao conhecer as características sociais, culturais e naturais do lugar onde vive, bem como as de outros lugares, pode comparar, explicar, compreender e espacializar as múltiplas relações que diferentes sociedades em épocas variadas estabeleceram e estabelecem com a natureza na construção de seu espaço geográfico."[17]
Para o 1º ciclo (alunos entre 6 e 8 anos), os Parâmetros Curriculares propõem temas relacionados com a natureza, a sua conservação e transformação e como isso repercute na origem de diferentes paisagens, além de tratar das relações dos alunos com o lugar aonde vivem.
Como critérios para avaliação, os Parâmetros Curriculares propõem que o aluno reconheça aspectos importantes das relações sociais e de como essas relações se manifestam na sua vida cotidiana e na paisagem. Também menciona que o aluno deve conseguir ler, interpretar e representar o espaço bidimensionalmente, através de mapas simples[18]. Metodologias e critérios, sem dúvida alguma, muito importantes para que o educando consiga apreender as noções geográficas que são tratadas no 2º ciclo (4º e 5º ano) com alunos que possuem entre 8 e 10 anos de idade.
A regionalização dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) com a elaboração do Currículo Básico para Escola Pública Municipal: Educação Infantil e Ensino Fundamental - Anos iniciais
Apesar da sua amplitude e da sua importância, essa não foi a única legislação em que nos baseamos para a realização do projeto. Com o objetivo de regionalizar os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e adaptá-lo à realidade do Oeste do Paraná, foi elaborado, pelo Departamento de Educação da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (ASSOESTE-AMOP) o Currículo Básico Para Escola Pública Municipal: Educação Infantil e Ensino Fundamental - Anos iniciais.
Nesse Currículo básico, consta que o ensino de Geografia no ensino fundamental deve contribuir para o educando:
- Posicionar-se criticamente frente às desigualdades sociais, por meio da leitura dos espaços geográficos produzidos;
- Reconhecer que a produção dos espaços geográficos é produto da sociedade que o constrói por meio do trabalho humano;
- Analisar as relações da sociedade com a natureza numa perspectiva dialética, crítica e transformadora;
- Compreender que o uso das tecnologias é um fator determinante na produção dos espaços tanto do campo quanto urbanos, interferindo nos conceitos de temporalidade e de espacialidade;
- Situar-se crítica e construtivamente no espaço local, reconhecendo-o como parte da totalidade/mundo;
- Reconhecer-se como sujeito histórico e agente das transformações do espaço, buscando novas formas de interagir com o meio para garantir a emancipação humana e a sustentabilidade planetária;
- Formar hábitos, posturas e comportamentos voltados para o exercício de direitos e obrigações, base para construção da emancipação humana, isto é, o convívio social, o respeito e a tolerância, evitando qualquer forma de discriminação, preconceito ou estereótipos;
- Articular o ensino com a pesquisa desde o início do processo educativo. [19]
Especificamente para os alunos de 4º ano, objeto de nosso estudo, os objetivos dessa nova proposta são:
" a) Conhecer a realidade do espaço em que vive e seu pertencimento à cidade/município e ao mundo.
b) Situar-se geográfica e historicamente no espaço de cidade/município e compreendê-los como resultado da sociedade que o constrói.
c) Representar os espaços locais vividos e percebidos.
d) Perceber a interdependência entre os espaços próximos e remotos.
e) Conhecer seu município na sua organização social, econômica e política." [20]
Para alcançar esses objetivos, as propostas do Currículo Básico Para Escola Pública Municipal: Educação Infantil e Ensino Fundamental - Anos iniciais, para a disciplina de Geografia propõem, para cada um dos cinco primeiros anos do ensino fundamental, 4 eixos básicos:
- Eixo 1 - Formação de conceitos de espaço e tempo;
- Eixo 2 - Representação do espaço e domínio da territorialidade;
- Eixo 3 - Relações sociais e de produção presentes nos espaços;
- Eixo 4 - Produção e transformação sócio-históricas dos espaços [21].
Além disso, a proposta também explicita, em cada conteúdo, se o mesmo deve ser tratado de forma introdutória, como noções iniciais, ou se deve ser consolidado ou aprofundado, entendendo, neste último caso, que os temas já foram tratados em anos anteriores.
Texto Completo em :http://www.ub.edu/geocrit/b3w-1041.htm
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