Dentro das ideias elaboradas pela geografia urbana temos que o meio urbano, a contrário do rural possui uma dinâmica própria, nunca sendo um conjunto coeso sob o mesmo período temporal. Isto equivale dizer que de tempos em tempos, camadas de novas configurações urbanas e populacionais irão se instalar sob determinada área não planejada, suplantando uma realidade anterior daquela mesma região. Como definia o falecido geógrafo Milton Santos, “a cidade é uma sucessão de tempos desiguais”, ela não cresce e se desenvolve de maneira uniforme. Podemos ter setores menos desenvolvidos e economicamente desvalorizados, que praticamente são amputadas do desenvolvimento do restante do corpo urbano, constituindo, em casos mais extremos, verdadeira “cápsula do tempo”; por outro lado, setores de centros mais desenvolvidos e cosmopolitas estão a cada momento renovando-se, alimentados principalmente pela sua dinâmica econômica e alta mobilidade social de seus habitantes.
Assim, a partir de tais premissas, a observação do ambiente concreto se faz indispensável, de modo a identificar os pontos em que ocorrem a modificação do meio.
Importante ressaltar que pouco mais de 50% da população do globo vive em áreas consideradas urbanas de acordo com a ONU (mesmo levando em conta certa dificuldade na metodologia utilizada para definir áreas urbanas e não-urbanas), sendo que no Brasil temos aproximadamente 81% da população em áreas urbanas.
Mesmo com esses números, entendem os geógrafos concentrados no estudo das áreas urbanas que o conceito de “urbano” como universal vai além dos números, pois até os habitantes do meio rural são confrontados com o fenômeno urbano em sua vida cotidiana, e a visão dos meios urbano e rural como duas entidades completamente distintas não corresponde rigorosamente à realidade observada pela geografia nos tempos de hoje, mesmo persistindo tal divisão física, o processo dinâmico em que o ser humano moderno está inserido é claramente comandado pelo meio urbano. Tanto é assim que se demonstra claramente a avidez do habitante das regiões rurais em consumir os bens produzidos pelos centros urbanos, graças ao incremento das redes de comunicação e transporte, fenômeno este que se observa facilmente em todas as regiões do Brasil. Desse modo, a importância dos estudos urbanos para a geografia, em especial no tocante à análise da realidade brasileira é indispensável.
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